24 de jul. de 2013

Intercâmbio em Roma é legal mas...

Olha eu de volta aí!

Nessas férias acabei indo para Roma e em seguida rodar o sul da Itália de moto. Foi show de bola apesar dos perrengues, mas não queria escrever sobre a viagem em si, mas sim sobre algo estranho que me aconteceu em meio a tudo isso, e que eu jamais pensei que sentiria...

Desde que cheguei na cidade, não sei se pelo fato da minha mochila não ter chego comigo e ter sido entregue cinco dias depois, ou sei lá porque, me senti um tanto quanto sozinho, não sei dizer muito bem. Era um sozinho diferente, não pela falta da presença de alguém ou algo assim, até mesmo porque todo o tempo eu estive em contato com minha família no Brasil, minha namorada estava me dando o maior apoio também. Mas mesmo assim, parecia que faltava algo... a princípio achei que com o início das aulas do intercâmbio isso mudaria, e a viagem seguiria normalmente, mas não foi muito bem o que aconteceu. Conheci um alemão que morava no quarto ao lado do meu, gente boa pra caramba, me ensinou tudo o que eu precisa pra conseguir ficar lá na cidade numa boa, os melhores e mais baratos lugares para comer, fazer compras, comprar cerveja etc, acabou que ele virou meu irmão mais velho em Roma e conversando com ele aleatoriamente, uma das coisas que ele me falou foi sobre o fato de se sentir sozinho lá, aí que percebí que isso não era só comigo. A princípio achei que era pela localização do apartamento, um pouco mais afastado do centro da cidade, num bairro meio tenso e cheio de indianos mal encarados.

Foi então que pedí para me mudarem de lugar, para algum que eu pudesse andar a pé de noite sem problemas. Conseguiram para mim a casa de uma família ao lado do Vaticano, não pensei duas vezes e fui para lá. Mas quando cheguei, o mesmo aperto insólito persistia em aparecer, e logo ví que não era a localização, e sim algo mais que me incomodava. Durante todos os dias rodei sozinho pela cidade, conhecendo os monumentos e pontos turísticos, eu rodava praticamente dez horas a pé todos os dias com um mapa e um guia que ganhei da minha namorada. Durante esses rolês, eu me sentia super bem, tranquilão, sem problema algum, mas quando voltava pra casa a noite, esse aperto voltava junto, eu me sentia meio sem chão, perdido, numa angústia e sem saber o porque (eu sei que parece viadagem ou frescura, na verdade eu também achava isso quando estava lá, mas era tenso segurar a bronca, na verdade não espero que ninguém entenda isso), então numa tentativa de não me sentir assim, tomava um banho e saía andar de novo, na maioria das vezes comprava uma breja e ia beber na Fontana de Trevì hahaha, até cheguei a encontrar uns bares e pubs mas não adiantou muito, o povo de lá era estranho! hahaha

E assim foi por todo o tempo que estive em Roma, sempre com uma sensação estranha, meio desolada, um aperto, sei lá o que... eu conversava com o pessoal aqui sobre isso, mas ninguém entendia muito bem, na verdade nem eu entendia o porque daquilo ou de onde vinha. Até que conversando com a galera que estudava comigo, não só brasileiros, mas de outras partes do mundo também, comecei a notar que esse sentimento de solidão era uma coisa comum entre todos, não houve uma pessoa que não sentiu isso em algum momento, mesmo uma galera mochileira que já rodou o mundo sozinho, sentia isso.

Durante a trip de moto, tive tempo de sobra para pensar nisso e em todo o resto da minha vida, afinal foram 1.700km rodados em 4 dias, teve dia que comecei a rodar as 8h da manhã e só parei a meia noite. Só então comecei a entender algumas coisas, como por exemplo o fato desse sentimento estranho e comum entre todos que estavam lá. Não sei se era o mesmo com os outros, mas para mim cheguei a conclusão de que esse tipo de intercâmbio era meio solitário, pois você conhece as pessoas, mas diferente de viajar se hospedando em albergues, essas pessoas não estão necessariamente com você, é estranho isso, nos mochilões que fiz, quando voltava para o albergue, me sentia de uma certa forma acolhido, seguro e num lugar amigável, dessa vez não, era apenas um lugar... Foi então que concluí que essa pegada de intercâmbio não era para mim... estudar uma nova língua em outro país ok, mas ficar em apartamento, ou casa de família não é muito a minha cara...

No fim das contas, eu queria viajar para relaxar, para dar um tempo nos meus problemas daqui, e ter tempo pra me encontrar de novo, tomar um fôlego, respirar um ar diferente pra me renovar e voltar com todo o gás, mas não foi muito bem o que aconteceu, alguns problemas atravessaram o Atlântico junto comigo e outros novos apareceram por lá para me atormentar. Acabou que tirando a trip de moto, nada saiu como eu imaginava. Mas serviu para eu repensar em muitas coisas na minha vida, principalmente no fato de que se eu não estiver bem, não importa para onde eu vá, eu vou continuar não estando bem... talvez se eu estivesse resolvido com a minha vida quando eu saí de férias, eu teria lidado com as situações de forma diferente, mais leve, desencanado, como sempre fiz...

Mas apesar de tudo isso, me serviu para muita coisa, muitos conceitos meus mudaram, e muitas coisas que faziam sentido, agora já não fazem mais, como por exemplo, se matar de trabalhar para comprar uma casa, um carro ou qualquer outra coisa apenas, isso é tão... sei lá... vazio... tem muito mais coisas pra fazer além disso, até mesmo porque, se você se matar de trabalhar, chega uma hora que você morre de tanto trabalhar. Talvez seja isso que aconteceu comigo, me matei tanto entrando no embalo dos trampos que surgiam, que morri, não tinha mais tempo pra mim, não tinha mais cabeça para pensar em nada, não tinha mais organização para fazer a minhas coisas, e tudo acabou sendo feito no piloto automático, e é isso que não quero mais, quero uma vida, não só um trampo, ou só dinheiro, são coisas boas, mas se limitar a apenas isso é besteira. Quanto a Roma, os monumentos, ruínas e lugares são sensacionais!! Mas a cidade em sí não tem nada de mais, me deixou um pouco a desejar, talvez por isso ela cause esse sentimento de solidão, quando você já viu tudo o que tinha que ver, não te sobra mais nada para fazer ou algum lugar amigável para ficar, apenas monumentos e "Fontanas", talvez falte alguma coisa mais humana por lá...

2 comentários:

  1. Meio contraditório se Roma te deixou na solidão, mesmo se tivesse ficado em hostel ia dar na mesma... Mas, como já dissr, realmente vc é mais free, não tem pegada de intercâmbio!

    Que bom que a trip de moto valeu. ;)

    ResponderExcluir
  2. A solidão é uma coisa bizarra. Não está no lugar ou no tipo de estadia, tá dentro da gente. E só quando você tem tempo e espaço longe da sua rotina, consegue enxergar que ela está alí.

    ResponderExcluir

Olá, aqui é o cabeludo, após o sinal deixe seu recado, que logo mais eu vou ler, prometo! rs