23 de ago. de 2010

Pixação publicitária, ou publicidade "pixatória"...

Fotos: http://migre.me/16L8p e http://migre.me/16L8s

Estava escrevendo minha monografia sobre o "Lado B" dos artistas independentes, e em meio a minha pesquisa em relação a macro tendência de arte urbana, me deparei com um assunto que pouco havia pensado a respeito, mas assim como a maioria das pessoas, já tinha uma opinião formada sobre ele.

Foi então que pesquisando mais a fundo somado a essa época de eleição onde somos bombardeados por publicidade, pude vê-lo com outros olhos, e tive que parar tudo para escrever esse post pois me levantou uma questão que jamais havia pensado: Seria a pixação mais agressiva que a publicidade?

Como eu disse, sempre tive uma opinião bem definida sobre pixação e grafite, para mim, um não tem nada a ver com o outro. A pixação não é feita para interagir de forma bonita com a cidade, e sim agredi-la, já o grafite busca intervir para dar uma releitura sobre aquele determinado local sem necessariamente "machucar" visualmente. Mas ambos possuem algo em comum, que é a mensagem que seus criadores querem passar. Com isso me veio a cabeça agora um terceiro agente que se utiliza descontroladamente dos mesmos meios que os outros para divulgar a sua idéia, a Publicidade.

Ao assistir o trailer do filme "PIXO", nele havia, um fotógrafo tratando o pixo de um cara como uma logomarca própria e original, afinal, cada pixação é diferente da outra. Isso me fez pensar no lado da publicidade, aqui em São Paulo graças a Deus existe a lei "Cidade Limpa" que proíbe qualquer tipo de propaganda em muros, faixas, placas etc, mas ainda assim, existem muitas empresas que teimam em "vender seu peixe" através desses meios, agora ilegais, de comunicação. Se formos analisar friamente, esse tipo de coisa é tão agressivo quanto uma pixação, afinal de contas, ninguém sai de casa para ler o cartaz de promoção de uma loja que está colado num tapume, ou ninguém anda pelo centro da cidade apenas para receber aqueles panfletos de óticas e advogados trabalhistas, para depois amassá-los e jogá-los no chão, sim no chão! Pois infelizmente parece que 90% das pessoas não tem capacidade o suficiente para não pegá-los ou se pegar, guardá-los até a próxima lata de lixo, mesmo que ela seja a da sua casa.

Nessa época de campanha política então nem se fale, até parece que o governo iria fazer uma lei que pudesse impedir seus políticos de se divulgarem. Há uma série de itens na Lei Cidade Limpa que são anulados pela Lei Federal quando diz respeito a publicidade política. Ou seja, não pode colar cartazes nos tapumes de construções, mas pode entupir as ruas com cavaletes nas calçadas, não pode pendurar faixas de candidatos nos postes, mas pode entuchar de santinhos as pessoas que passam pelas ruas e os carros nos semáforos. Por mais que você seja a pessoa mais determinada do mundo e resolva não aceitar folheto algum de publicidade, você não vai conseguir resistir e quando menos espera pegará um santinho ou cartão vale-desconto da ótica da esquina só pro cara parar de te perturbar para você aceitar um.

Com isso fico pensando, o que é mais agressivo, essas ações marqueteiras de políticos desrespeitosos e lojinhas vagabundas que não tem o que fazer, ou a pixação de um cara desconhecido na fachada de um prédio? Em minha opinião, os dois! Mas o Pixo é para ser agressivo, não com as pessoas, mas com a cidade, é como uma reivindicação de espaço, um protesto silencioso, uma vez que mesmo que esses caras abram a boca, a sociedade não vai ouvi-los mesmo, então eles pelo menos escrevem. Porém seria mais legal se eles escrevessem de uma forma legível, sei lá, poderia ser com uma letra estilosa e tals, mas que quem não fosse pixador também pudesse entender, quem sabe dessa forma as pessoas passem a apoiar as causas defendidas nos muros da cidade, e deem o devido valor a esses caras. Mas pelo que eu percebo a idéia não é essa, e sim algo mais tribal e territorialista, como "Fulano esteve aqui" ou numa tradução mais apropriada "Fulano quase morreu para subir a fachada desse prédio, mas esteve aqui, porém quase morreu novamente para descer..." até que alguém vai lá e pinta a pixação, como se estivesse dizendo “Fulano quase morreu para fazer de graça uma coisa que hoje eu me pagam para fazer de boa sem arriscar minha vida.”. Eu sei que muita gente pode me xingar por isso (mas eu não ligo mesmo...), pois para mim essa atitude é a mesma de um cachorro que anda pela rua e urina na base de um poste para mostrar para outros cachorros que ele esteve ali, até que alguém lava aquele lugar e nenhum outro cão jamais imagina quem passou por lá...

Do lado da publicidade, não é muito diferente. Outro dia, saindo da antiga Galeria do Rock (digo antiga porque de rock de verdade só sobrou o nome e uma ou duas lojas...), um vendedor da Tim veio desesperado me abordar para comprar um chip, enquanto seu colega gritava feito louco no meio da rua como se fosse um camelô: "Olha o chip da Tim é só cinco real, e vem com oito di creditos...". Enfim, eu precisei ser super ogro com o cara (o que pra mim não é muito difícil) e mesmo assim eu quase implorei pra ele me deixar em paz, porque eu não queria comprar a tranqueira daquele chip, mas juro que se eu estivesse com cinco reais na carteira, eu comprava só pra ele parar de me encher o saco. Como se não bastasse, uma quadra antes de chegar a estação Anhangabaú do Metrô, eu tive que andar pelo meio da rua, pois as calçadas estava tomadas por entregadores de panfletos, era quase um corredor polonês de folhetos. O que mais revolta com tudo isso, é que no final do dia, todos esses papéis estarão no chão, entupindo bueiros e bocas de lobo. Com isso, na hora da chuva, os malditos que entregam essas merdas e entopem os escoamentos de água, são os mesmos que aparecem no jornal "recramanu" da prefeitura porque sua rua alagou ou seu barraco desabou. Puta merda!! Bem feito!! Quem mandou entupir a rua com aquelas tranqueiras de folhetos, quem mandou construir barraco em área de risco, CATSO!! Se o lugar chama "A-R-E-A - D-E - R-I-S-C-O" não é para ser construído nada lá perto, principalmente um barraco que não é para ser construído em lugar nenhum!!!!! É tão difícil entender isso!?!?!?

Enfim, eu sei que muita gente não vai concordar com tudo isso que eu escrevi, e inclusive gostaria de mais do que nunca, deixar esse espaço de comentários aberto para ler a opinião de vocês. Mas para concluir, eu acho que o que precisa ser discutido, não é a pixação em si, ou o grafite ou mesmo a publicidade, mas sim de fato o que realmente é essa agressão, e quais as suas consequências na sociedade, na nossa cidade e principalmente, em nós.

2 comentários:

  1. Uma coisa que anda me irritando é essa agressividade publicitária na internet.

    Um meio antes tão democrático, agora me faz ver um vídeo de propaganda antes de poder assistir o que quero!

    Ou os blogs com milhares e milhares de posts pagos...

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  2. Esse tipo de publicidade eh uma merda mesmo!

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Olá, aqui é o cabeludo, após o sinal deixe seu recado, que logo mais eu vou ler, prometo! rs