1 de abr. de 2011

17 Anos...


6:15 am, ele acorda ainda com sono, como um zumbi, levanta e vai se jogando de parede em parede até chegar no banheiro para lavar o rosto e escovar os dentes. Em seguida, um pouco mais desperto, ele se troca, bota sua boa e velha bermuda verde rasgada, uma camiseta branca e sua camisa xadrez por cima, no pé, um tênis com a lateral forrada de silvertape e debaixo dele um skate de 1,20m de comprimento.

As maritacas ainda cantam pelas árvores anunciando a chegada do dia, e ele ao sair pelo portão, olha bem para a descida na rua de sua casa e com um leve sorriso, pula em seu longboard rumo a mais um dia de escola. Não há nada de especial no seu dia, as mesmas aulas, mesmas pessoas, o mesmo corsa prata dirigido por uma senhora que todos os dias o fecha na rua... a mesma LIBERDADE...

Um cara esquisito, que sempre odiou fazer média com as pessoas, e tão pouco se importava com o que elas pensavam a seu respeito, na escola aprendia por osmose uma vez que dormia em todas as aulas (isso quando não estava jogando truco), mas sempre ia bem nas provas mesmo sem estudar. Adorava basquete, handball e não dispensava uma boa roda de vôlei.

Ao sair da escola, colocava seu skate para correr, e as vezes ia pra casa, as vezes passava no mercado e pegava alguma tranqueira para comer, ou simplesmente andava sem rumo por aí. Quando ia para casa, ficava contando os minutos para pegar seu skate novamente e ir para o estacionamento superior do shopping para ver o por do sol. E alí ficava, horas ouvindo uma boa música e conversando com Deus, os passarinhos e consigo mesmo.

O tempo passou, ele começou a trabalhar, pagar contas, a ter responsabilidade, se formou na faculdade, fez pós-graduação. Aprendeu que nunca pode se esperar nada das pessoas, que a vida não se limita em trabalhar, casar e ter filhos. Que mesmo as famílias que se demonstram mais perfeitas, podem se transformas no mais perverso ninho de cobras.

Assim como grande parte das pessoas, ele viveu alguns anos no piloto automático, deixando de lado boa parte daquilo que realmente importava para si. Porém, um dia ele entendeu que aquilo era opcional, e que tudo era consequência do caminho que se escolhia. Foi então que ele resolveu abandonar aquela trilha que o haviam traçado, e decidiu desbravar seu próprio rumo. Resgatou seus amigos, seus sentimentos, sua camisa xadrez e o mais importante, sua LIBERDADE...

Hoje ele continua andando por aí de fone no ouvido, perdido no meio das suas "batucadas corporais" e seus desenhos. Tem tanta coisa para fazer quanto antes, porém sempre arruma um tempo para parar tudo e ficar conversando com seu velho companheiro enquanto assistem ao por do sol. Ao invés de andar sem rumo sobre quatro rodinhas, hoje ele se perde em duas. Seus finais de semana começam na quinta-feira, seus dias duram 48 ou até mesmo 72hs quando é preciso. Além de ser ensinado ele ensina, e mesmo com todos olhando para ele com ar de responsabilidade, quando perguntam a sua idade, ele sempre demora para responder, pois mesmo com tudo isso, para ele é como se ainda tivesse 17 anos...

4 comentários:

  1. Eu te vi um zilhão de vezes com o long, mas eu nunca vi vc andando nele auhhueuheuhuehue.

    Até eu tentei andar com um skate no estacionamento do MLK e me estrebuchei no chão : (

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  2. ahh q vc sempre me viu com ele dentro da escola... ai não rolava de andar rs

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  3. Desligamos o piloto automático;
    continuamos papeando diarimente com o nosso velho companheiro e enxergando nas coisas simples prazeres (que quando alguém se torna adulto costuma perder), temos mais responsas e provavelmente perdemos a fisionomia de novinhos...
    mas, bem aqui, toda a alegria de viver adolescente permanece a mil por hora.

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  4. Com certeza Karla, e é o bate papo com esse velho companheiro somado a alegria de viver adolescente que fazem toda a diferença...

    Acho que é isso que falta nas pessoas e com certeza é isso que eu não quero perder nunca!! =)

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Olá, aqui é o cabeludo, após o sinal deixe seu recado, que logo mais eu vou ler, prometo! rs